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Rui Terroso - CEO |

Entrevista Jornal Económico

CEO da Living Tours: "Portugal não está nem é um destino turístico massificado"

O CEO da Living Tours, grande operador turístico focado no Norte, mostra-se satisfeito com as tendências para 2024, assumindo que rapidamente a empresa chegará aos 30 milhões de faturação previstas para 2026. Rui Terroso explica como a empresa aposta em visitas guiadas por terra, ar e água, apostando na melhor vertente do Porto.

 

O que é a Living Tours?

Somos um operador turístico de recetivo para Portugal e Espanha, portanto temos uma cobertura ibérica. Temos sensivelmente dez áreas de atuação. Começámos a Living Tours em 2004 e fazemos visitas guiadas no Porto e Norte de Portugal. Diariamente levamos 500 a 600 pessoas a visitar o Vale do Douro, Minho, Fátima, Santiago de Compostela e Aveiro. 

Temos ainda a Living Tours Online, uma agência de tours, atividades e experiências. Temos mais de 2.500 atividades em toda a Península Ibérica. Temos o Living DMC, onde organizamos viagens para pessoas individuais ou grupos, com trajetos já definidos; a Living Transfers é uma área de negócio com operação própria em Portugal e parceiros em Espanha; a Living TukTuk tem oferta própria no Porto; os Tourist Services no Porto e Lisboa são agências presenciais, como um posto de turismo, onde prestamos informação gratuita de quatro a seis idiomas e vendemos a oferta do destino ao turista. Em 2023 apostámos na Living Cruise, como o party boat, com DJ e diversão, que faz o cruzeiro das seis pontes em duas horas.

Para o ano, estamos a preparar a Living Events, para marcar o 20º aniversário.

 

Com 20 anos de existência continuam muito focados no Norte português. Pensam em expandir para Lisboa ou Algarve?

Pensamos. Isso está nos nossos planos para 2024 e seguintes. Ou seja, nós sentimos essa necessidade de expandir.

Quando vamos a uma feira na América ou na China, e porque são destinos longínquos, as pessoas querem fazer a Península Ibérica, no mínimo. Vir a um só destino, só ao Porto ou a Lisboa num voo transatlântico é muito reduzido.

Portanto, há a necessidade de ter esta cobertura ibérica. Sentimos também a necessidade de ter operação própria, porque ao terceirizar estamos dependentes de alguém. Por isso é que a expansão faz parte dos nossos planos para outros destinos ibéricos, incluindo ilhas.

Mesmo aqui em Portugal, é nossa ambição ter operação a nível nacional e não apenas a nível local, uma vez que já temos todo o know-how operacional, tecnológico e de comercialização.

Em que região de Espanha operam?

Atualmente estamos em Barcelona, mas fazemos cobertura em toda a Espanha. Ou seja, temos grupos que entram por Barcelona, mas depois fazem várias zonas: Andaluzia, Madrid, Rioja, Galiza.

Conseguimos ter uma cobertura generosa, tanto em visitas individuais quanto de grupo. Tivemos um grupo de 100 médicos do Brasil que fizeram toda a costa da Andaluzia, Sevilha, Córdoba e Granada. Temos sempre alguém da equipa a acompanhar no terreno.

 

 

Quantos membros tem a equipa? Tiveram dificuldades de contratação no último ano?

Já somos quase 200 pessoas.

No início de 2023 estávamos com bastante receio, porque o mercado esteve estagnado. Mas conseguimos contratar o ano todo, e vamos continuar a contratar para novas áreas em 2024.

Num ano conseguimos contratar cerca de 100 colaboradores e, felizmente, foi algo que não foi propriamente difícil. Ao longo do ano a contratação foi fluindo e conseguimos colmatar as necessidades que tínhamos.

 

Estão inseridos dentro de algum operador turístico ou são independentes?

Somos independentes. Diria mesmo que somos o principal operador na região Porto e Norte. Existem depois alguns concorrentes de pequena dimensão, que juntos têm o mesmo peso que a Living Tours.

Criámos o projeto e a empresa do zero. Fizemos os investimentos com a ajuda da banca e reinvestimos os lucros ao longo destes 20 anos, e tem sido assim o nosso crescimento.

 

Para 2024 têm previsto um investimento de três milhões de euros. Onde vão alocar esta quantia?

Vamos apostar em novas frotas, na abertura de novos destinos e também de agências físicas.

Cerca de um milhão a 1,8 milhões de euros serão investidos na renovação da frota terrestre, ao nível de minibus de 29 lugares ou viaturas de nove lugares, para a área dos partilhados. Ou seja, temos duas operações: partilhados e privados, sendo esta num conceito de premium e luxo.

O nosso turismo quer fugir do turismo de massas, queremos dar privacidade aos grupos.

Mesmo tendo 600 pessoas diariamente em visitas no Douro, conseguimos inverter os circuitos. Os grupos vão às mesmas quintas, mas em zonas e horários separados. Objetivo é não concentrar demasiadas pessoas no mesmo local, para se sentir algo mais personalizado.

 

Então aproveitam todo o potencial da zona. Até porque além dos navios também têm helicópteros, certo?

Sim. Mas o helicóptero não faz parte da nossa operação, é terceirizado e somos um dos grandes comercializadores desse produto.

Mas sempre tivemos uma boa visibilidade e projeção online. Portanto, quem procura por esse produto acaba por encontrar a nossa plataforma e reservamos, diariamente, passeios de helicóptero.

 

Mas é algo diferenciador dos outros operadores.

Sim. Por exemplo, uma visita 360 inclui o cruzeiro, visita pela cidade e helicóptero. Oferecemos experiências completamente únicas e personalizadas. Por isso é que nos conseguimos destacar ao longo dos ano.

A nossa pontuação no TripAdvisor, por exemplo, também ajuda. Andamos entre o 4,7 e o 4,8 em cinco pontos. É fácil conseguir este rating quando se tem uma estrutura pequena, com uma dimensão grande já não é.

Essa é outra das apostas que temos feito: apostar nas pessoas, na sua formação e dotá-las das melhores ferramentas para conseguirem, no dia-a-dia, satisfazer as exigências do mercado, das pessoas e dos destinos.

Porque cada mercado tem as suas especificações. O mercado europeu prefere uma tour partilhada e o asiático prefere algo mais privado e personalizado.

 

 

Qual o vosso principal mercado?

Nós trabalhamos com todo o mundo e fazemos uma promoção internacional. Mas temos o mercado europeu, americano e canadiano em grande destaque.

No ano passado tivemos na Índia e China, que são mercados emergentes e têm um potencial enorme. Já começam a procurar por Portugal.

Tanto a China quanto a Índia são dois dos países mais populosos do mundo. Mas uma percentagem da população tem um poder de compra grande, viaja e efetivamente consome no destino. São, sem dúvida, apostas.

 

Vão fechar o ano com uma faturação de 16 milhões e querem duplicá-la nos próximos dois anos para os 30 milhões.

A pandemia levou-nos a dar dois ou três passos atrás e estivemos dois anos completamente fechados. Numa primeira fase ainda conseguimos manter toda a estrutura e em seis meses percebemos que não tínhamos hipótese.

Quando reabrimos fizemos 5% da faturação. Não havia voos para Portugal, não dava para juntar pessoas. Não nos podíamos reinventar e tivemos de fazer uma reestruturação total com despedimento coletivo.

Durante os dois anos de pandemia conseguimos reorganizar-nos. Conseguimos fazer investimentos e procurámos ajuda na banca para isso.

Reabrimos no início de 2022 e parece que já foi há muito tempo, mas não. Depois das vagas finais investimos em frota e alargámos a operação e tivemos, inclusive, de subcontratar para conseguir trabalhar com o excedente da procura. Foi assim que conseguimos bater recordes e dobrar a faturação.

Por isso acredito que, no próximo ano, com os projetos que temos e investimentos a fazer, iremos chegar certamente aos 30 milhões de faturação.

 

Isso quer dizer que já superaram a faturação pré-pandemia.

Em 2022 já conseguimos ultrapassar os valores de 2019, que tinha sido o melhor ano até então.

Por exemplo, só voltámos a ter a consolidação das viagens de grupo em 2023. Em termos individuais, as visitas já estavam completas. As pessoas queriam sair depois de dois anos fechadas, e nós aproveitámos esse boom.

Por isso mesmo estamos confiantes para 2024 com toda a projeção e promoção a nível internacional. Estamos efetivamente com perspetivas muito boas.

No Brasil somos o principal operador para a Península Ibérica. Acredito que 80% do mercado dos operadores turísticos do Brasil já trabalhem connosco.

Se as condicionantes atuais se mantiverem, acreditamos que 2024 será um excelente ano para o turismo.

 

Portugal tem vivido à base desta vaga do turismo e os portugueses não estão satisfeitos. Vocês estão numa área turística diferente e isso impõe alguns desafios económico. Que desafios económicos é que isso se impõe para uma empresa como a Living Tours?

O sector do turismo é um sector que Portugal tem que querer mais. Portugal diz que o sector do turismo está massificado, mas não estamos nem somos um destino massificado.

Há dez anos não existíamos no plano estratégico internacional de qualquer evento. Se não fossem as [companhias aéreas] low-cost a vir para Portugal, o país não era opção.

Nos dias de hoje é triste ir ao aeroporto do Porto e ele estar vazio. Parece que chegámos a um apeadeiro. Obviamente que há aqui meses com pico de turismo, mas a verdade é que o turismo neste momento já representa, feliz ou infelizmente, cerca de 20% do PIB nacional.

Isto é muito bom para todas as pessoas. Neste momento, na Living Tours trabalham 200 pessoas que têm perspetivas de vida brilhantes e têm conhecimentos. Conseguimos pagar bons salários, ter objetivos, dar prémios. Pagámos um 15º mês a toda a equipa que teve taxa de crescimento.

Há uns anos, as perspetivas destas pessoas era emigrar. Hoje, felizmente, discutimos questões de crescimento e desenvolvimento. Claro que nos tira da zona de conforto e o preço médio da habitação subiu, mas o salário nacional também consegue subir e isso vai fazer o país crescer. Isto aconteceu em Berlim ou Paris. São dores de crescimento e não de tristeza.

 

Qual a análise que faz das tendências para 2024?

As viagens em grupo vão voltar e o turismo de corporate também voltou em força. Acho que a pandemia desestabilizou os mercados, mas já se verificaram melhorias.

A nível europeu, as questões das taxas de juro e guerra dificultam prever tendências.

Na procura nacional, penso que os Estados Unidos se vão destacar. Em 2004 era muito difícil e perguntavam se Portugal ser uma região em Espanha, hoje já dizem que querem vir para trabalhar. Portanto, hoje conseguimos estar no radar.

O maior boom de perceber que Portugal era um país foi, infelizmente, com a troika. Porque, na crise de 2008, só se falava de três países em todo o mundo: Portugal, Espanha e Grécia, e dissemos que Portugal era efetivamente um país independente.

As pessoas vieram e deparam-se com um destino barato, um país fantástico a nível de clima, gastronomia, segurança e acolhimento.

Portugal é para os americanos a Califórnia da Europa, e querem fazer cá investimento, porque não é um destino muito caro, é apetecível e há voos e ligações diretas para os Estados Unidos. Portanto, Estados Unidos vão continuar a ser um mercado fortíssimo.

 

Confira aqui a entrevista na integra

 

| Living Tours




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