Chegar lá envolve fatores que dependem muito da maneira como lidamos com os desafios, os imprevistos e os obstáculos, às vezes não são pedras, são pedreiras no caminho. Alem de proporcionar um ambiente de criação, de fazer acontecer, para nos puxar para cima. Procurando sempre o equilíbrio ideal entre garantir o básico bem feito e a liberdade de tornar a empresa um corpo em constante mudança.

Às vezes penso que estar vivo há 20 anos, como operador turístico, é quase um milagre. Só para terem uma noção, já vi nascer e desaparecer do mercado dezenas se não centenas de novas empresas de animação turística e operadores turísticos durante estes 20 anos de existência no mercado, e das que existiam à data da fundação da Living Tours não devem existir mais de 10% das marcas que existiam na altura da fundação da Living Tours.

Ainda me recordo por exemplo, que após oito dias da fundação da Living Tours, ligou um operador turístico, dominador do mercado á data, ameaçando que a Living Tours estaria ilegal e dava oito dias para que retirássemos todas as brochuras do mercado, caso contrário, iria chamar todas as autoridades.

Infelizmente devido á nossa forma de trabalhar, à paixão e amor que colocamos no negócio e acima de tudo à conexão com as nossas pessoas e com todas as pessoas com quem nos relacionamos. Cinco anos depois desta ameaça, que se veio a concretizar com várias inspeções pelas autoridades portuguesas, esta empresa ou este operador foi perdendo o mercado a cada dia, a cada semana e a cada mês, até que teve de ser vendida para Lisboa com toda a sua frota e veículos, deixando de operar no Porto.

Quanto mais nós crescemos, mais faço questão de inovarmos, manter 80% no foco do que já sabemos fazer e 20% sempre em inovação e desenvolvimento, de novos produtos, novos mercados, novas áreas de atuação dentro to turismo.

Já existem muitas coisas copiadas no mundo, temos de ir atrás de outras para termos uma personalidade e diferenciação. Algo com a nossa cara, que seja interessante, que nos ajude a nos posicionarmos de uma forma diferente no mercado.

Não nos podemos contentar em ser iguais aos outros, na minha sala que é o lugar onde reunimos todas as semanas o conselho executivo, deixei uma única mensagem na parede. “Think Outside The Box”. É isto, temos de questionar o “status quo” sempre, questionar o normal e a normalidade e oferecer algo diferente, mas que o mercado queira, precise e aprecie. Com a nossa irreverencia e rebeldia.

E sempre com muita paixão. Desde muito cedo que sempre quis empreender, não sabia onde. Logo após terminar a faculdade, tinha três áreas de negócio com plano de viabilidade financeira que desenvolvi para implementar. Uma ideia era fazer distribuição de jornais e revistas de madrugada mediante assinatura, ainda bem que não fui por ai, se não já teria desaparecido do mercado ou teria sobrevivido apenas se tivéssemos migrado para a digitalização, o segundo era uma distribuição de vinhos online b2b e b2c, poderia ser um grande negócio. Mas foi na terceira opção, aquela que é a minha paixão viajar, e ser um apaixonado pelo nosso país Portugal, e poder criar uma empresa que o mostrasse ao mundo, aos turistas de todo o mundo que nos visitassem.

Foi aqui que o meu propósito falou bem mais alto, quando metemos paixão naquilo que fazemos, o fazer acontecer, torna-se muito mais fácil, torna-se um desporto maravilhoso de se praticar. O primeiro nome da empresa, que consta ainda hoje na certidão comercial, chama-se Living in Portugal, era este querer mostrar como se vive em Portugal que eu queria mostrar ao mundo.

Nestes vinte anos, não senti que trabalhei, mas sim, que me diverti. Essa paixão da juventude, que amadureceu comigo e virou amor de verdade, e me dá força e vitalidade para superar os momentos complicados, como foi o caso da pandemia covid-19 recentemente.

Fazer contas para ver se o negócio se aguenta de pé é fundamental, mas é o mínimo necessário. Embora se ficarmos mergulhados em contas e mais contas, sem testar nada, talvez desista dele. E um pouco de risco, de loucura, de adrenalina, faz parte da vida de quem escolhe empreender. É como viajar nas férias. No plano sai bem caro pagar alguns dias que passam super-rápido, mas, nas lembranças da família, aquele período será eterno. E ainda tem um poder gigantesco de ampliar os horizontes de todos.

Primeiro deve estudar bem o seu mercado, eu por exemplo, antes de apostar e por de pé a Living Tours fiz um estudo de mercado eu próprio, agendando reuniões com chefes de receção e diretores de hotéis para perceber se havia a necessidade de uma empresa de visitas guiadas, e o feedback é que existia aquele operador que me fez a ameaça e trabalhava muito mal porque era praticamente único. Quando percebi que havia espaço para uma empresa que fosse profissional e oferecesse algo inovador, e com paixão, então não há quem nos bata.

Assim se estudou o seu mercado e acredita que tem um mar lindo para navegar, arregace as mangas, e ponha a mão na massa. O que o faz ficar em êxtase? Só vencerá a insegurança avançando para a prática. Acredite na sua ideia e vá em frente porque a sua atitude vai-o ajudar a ultrapassar tempestades e chegar melhor ao outro lado. Sempre.

Colocar a mão na massa

Essa liberdade de olhar para o seu produto e vê-lo em constante mutação e adaptação, estimulado por diversas fontes de inspiração, é um combustível sensacional. Colocar em prática esse espírito de mudança, dá-lhe impulso para ganhar o jogo nos próximos anos ou até para sempre.

Transformação. O que foi ontem já acabou, já não é hoje. Tudo pode mudar de estado de forma, vale a pena ter a cabeça aberta á mudança.

Também é preciso reconhecer e fortalecer o maior alicerce da sua empresa: o ser humano. Nós somos humanos, os nossos colaboradores são humanos, os nossos convidados e parceiros também. Acabou aqui a fantasia da perfeição, porque cada pessoa possui os seus pontos fortes e as suas vulnerabilidades. É por isso que devemos humanizar o negócio através destes pilares fundamentais: paixão, serviço, experiência, inovação e excelência.

A palavra humanizar é autoexplicativa. O seu trabalho tem de ser uma coisa verdadeira, de coração, mais natural possível. Ninguém é melhor que ninguém. Somos todos guerreiros e aprendemos uns com os outros. Vejo muitas empresas a controlar profissionais para humanizar o negócio. Tudo bem. Só que os líderes precisam dar o exemplo. Porque a equipa repete o que o seu gestor, o seu líder, faz.

Escutar, contruir em conjunto, engajar, ser acessível. São fatores da relação interpessoal que fazem a diferença. Essa é uma das grandes aprendizagens que tive nestes anos todos no mercado.

Vou lembrar o obvio: uma empresa é feita de seres humanos, que precisam de conhecer e se conectar. No café, no caminho do almoço, nos encontros para discutir ideias, na colaboração quando algo empanca, nas comemorações.

Humanizar serve para o nosso negócio, a nossa marca, as nossas relações, a nossa tomada de decisões e para o nosso dia a dia.

Não sabemos tudo. Só chegamos tão longe porque podemos contar com a ajuda de pessoas, que se identificaram com a nossa verdade, e foi a verdade que também cativou os nossos parceiros e convidados.

Formamos uma equipa incrível e construímos uma marca cheia de história, resiliência, com personalidade própria. Acima de tudo isto está o desempenho da marca? Quais são os fundamentos dela? Que mensagem está a passar? Está forte no mercado? Qual o propósito do negócio? E da sua equipa?

Uma postura mais humana está enraizada em muitas orientações da gestão!

Se me perguntarem para resumir o sucesso da Living Tours, responderei que com as pessoas fazemos acontecer os nossos cinco valores LivingTourianos, Paixão, serviço, experiência, inovação e excelência.

Fomentei estes eixos na equipa, na estratégia, na marca na alma do negócio e quero fomentá-los com o máximo de empreendedores. Para que também, evoluam não como uma empresa, mas como comunidade em que cada um tem a sua função, em que cada um olha para a mesma direção. Só assim é que nós e os que nos rodeiam vão navegar com mais sucesso no mar das oportunidades.