Um dos mais notáveis arquitetos do mundo, largamente reconhecido pela sua extensa obra espalhada por vários continentes, Álvaro Siza Vieira tem a sua marca na cidade do Porto.

Nascido em 1933 em Matosinhos, Siza faria a sua formação em arquitetura na Escola Superior de Belas Artes do Porto, entre 1949 e 1955.

Aluno de Fernando Távora, o pai da arquitetura moderna em Portugal, de quem foi assistente ainda durante os seus estudos, Siza tornar-se-ia o mais notável discípulo do mestre. Foi também professor na mesma escola.

A sua obra seria marcada pela linguagem da arquitetura moderna internacional, sendo conhecida a sua admiração pelas obras de Alvar Aalto, Adolf Loos e Frank Lloyd Wright, mas também por um profundo estudo e respeito pela tradição construtiva portuguesa.

Desenvolveu a sua própria linguagem arquitetónica sobre estes pilares, consolidando uma tradição que é ainda hoje seguida pela chamada Escola do Porto, sendo a sua grande referência. Soube reinventar-se na sua obra e a reinterpretar com sucesso e cunho pessoal a linguagem de Le Corbusier, a grande referência do modernismo arquitetónico.

Em 1992 Siza Vieira recebeu da Fundação Hyatt o Prémio Pritzker, mais alto prémio atribuído a um arquiteto a nível mundial. Foi-lhe atribuído pelo projeto de renovação da Baixa/Chiado, no coração de Lisboa.

São inúmeras as suas obras no Porto ou nas cidades limítrofes, mas algumas são incontornáveis para os apaixonados da arquitetura que visitem a cidade, as quais vale a pena destacar.

A Casa de Chá da Boa Nova, construída sobre as rochas em frente ao mar, é a sua primeira grande obra. Em 1958, Fernando Távora, que havia ganho o concurso para o projeto, atribui-o ao seu assistente, premiando o entusiasmo e paixão com que agarrara o projeto.

Construída na marginal de Leça da Palmeira, ao norte do Porto, está também próxima a Piscina de Marés (1961-1966), também construída sobre as rochas e o areal.

É o único edifício português incluído no livro “Cem Edifícios do Século XX”, escolhido por alguns dos maiores nomes da arquitetura contemporânea como Tadao Ando, Zaha Hadid e Kazuo Sejima, todo vencedor do prémio Pritzker. Este livro é considerado um cânone da arquitetura mundial do século XX.

A Piscina da Quinta da Conceição (1958-1965), fica ali ao lado, junto ao terminal portuário de Leixões.

Na cidade do Porto, destaca-se o Museu de Arte Contemporânea de Serralves (1996- 1999), uma referência mundial no que respeita a mostras de arte contemporânea. Está integrado no Parque de Serralves, junto à Avenida da Boavista.

Próxima, na encosta sobranceira ao rio Douro, a Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, contempla o rio e a sua foz, com as suas janelas panorâmicas, emoldurando a paisagem. O edifício é, em si, uma lição de arquitetura para os jovens que aí realizam os seus estudos. É a única escola de arquitetura no mundo com dois vencedores do prémio Pritzker, tendo Eduardo Souto de Moura, da geração seguinte à de Siza vencido o mesmo em 2011.

Podemos destacar muitos mais, mas para fechar esta breve lista convém mencionar a renovação urbanística da Praça da Liberdade e Avenida do Aliados em 2006, o coração da cidade do Porto, criando uma unidade de escala e continuidade entre os dois espaços. Da sua autoria é também o projeto da Estação de Metro de São Bento, destacando os desenhos nos painéis cerâmicos com o seu traço distinto.

Para os amantes da arquitetura e do desenho, seguir as obras de Siza Vieira, desde as supracitadas até muitas outras, sejam de caráter privado ou público, permite descobrir a história da evolução arquitetónica e urbanística da cidade nos últimos 60 anos.

E ele continua a trabalhar, pelo que esta história não fica por aqui! Quando visitar o Porto, haverá certamente ainda mais a descobrir!

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